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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Poluição na Sanga das Charqueadas: Será que a Prefeitura está envolvida?

Tapes.Com pergunta: Será que a Prefeitura está envolvida?
Em reportagem investigativa do site Tapes.Com, foi descoberto algo de conhecimento público e das autoridades, mas que, sempre fora deixada de lado, como se 'lenda' fosse. A existência de um despejo clandestino na rede pública de esgoto da cidade de Tapes, que é utilizada por uma  indústria de arroz parbolizado, para lançar cinzas de cascas de arroz na Sanga das Charqueadas, foi denunciada pelo site, que desde ano passado tem flagrado o abandono e a poluição deste recurso hídrico em Tapes.
Com esta reportagem investigativa, o site Tapes.Com tornou 'mais' pública essa situação agravante de destruição, contaminação 'e morte' da sanga das Charqueadas. A poluição das sangas de Tapes é algo comum nas últimas décadas, sendo que a indústria é a poluidora da sanga das Charqueadas, mas tem a total conivência das Autoridades Municipais, no caso do Executivo e Legislativo.
O site Tapes.Com deduz: "Talvez seja por isso esse silêncio e inércia inexplicáveis.", com certeza das autoridades públicas.
Segundo a reportagem, está sendo utilizada uma rede de esgoto "paga pelo dinheiro público e mantida com o dinheiro público (e) serve a esse crime ambiental."
Os odores da sanga e da poluição nela, ofendem os cidadãos que sofrem com o mau cheiro, afirma a reportagem. Não bastassem os graves danos ambientais, a revelação de que isso "vem ocorrendo as custas do erário público é um escândalo.", dizem.
A rede de esgotos que tem início na própria industria poluidora, cruza o cemitério municipal e deságua na Sanga da Charqueadas. 
As autoridades municipais terão  que esclarecer ou tomar as  providências, alegam os moradores e inconformados com a situação da sanga e dos impactos que afetam a vida das pessoas que moram na Vila dos Pescadores.  "A inércia e o silêncio não importariam em crime de responsabilidade?", questionam sobre a realidade da situação e do estado de 'normose' do Governo e Casa de Leis frente a agressão ambiental e a qualidade de vida das pessoas.
SERÁ QUE O MINISTÉRIO PÚBLICO E FEPAM TÊM CONHECIMENTO DISSO? 
Estamos fiscalizando!

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Pesquisa de campo envolve acadêmicos da Uergs

 Pesquisa de campo envolve acadêmicos da Uergs 
Alunos do curso Técnico em Gestão Ambiental da UERGS de Tapes da disciplina de microbiologia realizaram, recentemente, duas visitas técnicas no interior do município de Sentinela do Sul. A primeira delas foi junto a uma propriedade rural, na comunidade do Cerro Pelado, distante 9 km da área urbana do município.
Neste local, na propriedade do produtor rural, do senhor José Carlos, eles conheceram o cultivo de moranguinhos, alternativa econômica cada vez mais crescente no meio rural do município.
Na sequência, os acadêmicos subiram literalmente o cerro. No trajeto para o Cerro Pelado, que dura cerca de uma hora e meia, é possível ao visitante encontrar animais silvestres, pássaros e plantas características do meio ambiente, além de contemplar a mata nativa.
No topo do Cerro Pelado, que fica cerca de 200 metros acima do nível do mar, a visão é privilegiada. O visitante vislumbra uma parcial da Serra do Herval a oeste e a leste, em direção ao litoral à Laguna dos Patos.
Os alunos foram monitorados pelo professor da disciplina, Antônio Ruas, e o diretor municipal do Meio Ambiente, Jones Carvalho. Segundo o diretor da SMMA, Jones Carvalho, esta visita pode abrir novas possibilidades de estudo e de parcerias.
“Foi importante porque os alunos puderam sentir o potencial do município, sobretudo, no aspecto em relação à natureza. O objetivo principal foi conhecer a região, uma vez que a UERGS tem como princípio o desenvolvimento regional sustentável, para poder futuramente aliar a teoria das disciplinas às práticas nesta região”, confirmou o diretor.
 
Fonte: REDE Os Verdes/via ASCOM-Bira Costa

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Europa aprova resolução para proteger abelhas

 
Europa aprova resolução para proteger abelhas*
O Parlamento Europeu aprovou nesta semana uma resolução para a adoção de ações mais contundentes para proteger a população de abelhas, que de alguns anos para cá desapareceram em larga escala no Velho Continente. O texto, aprovado por ampla maioria de 534 votos a favor, 92 abstenções e apenas 16 votos contrários, determina que mais fundos sejam destinados para a pesquisa com abelhas, novos incentivos para que a indústria farmacêutica desenvolva antibióticos e que os rótulos de advertência nos pesticidas do campo sejam mais claros.
A reportagem é de Bettina Barros e publicada pelo jornal Valor, 18-11-2011. 
Além de uma questão ambiental preocupante, o declínio dessas populações tem um impacto econômico que não se pode desprezar. Cálculos da Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia, estimam que a polinização tem um valor econômico de € 22 bilhões para a região.
Cerca de 84% das espécies de plantas europeias e 76% da produção de alimentos da região dependem dela. A União Europeia produz anualmente cerca de 200 mil toneladas de mel. Bulgária, França, Alemanha, Grécia, Hungria e Romênia são os maiores produtores, empregando, direta ou indiretamente, 600 mil pessoas. 
"As abelhas são cruciais na nossa sociedade, na medida em que a polinização tem um papel essencial na preservação da biodiversidade e na manutenção da segurança alimentar da Europa", disse o legislador socialista Csaba Sandor Tabajdi, autor da resolução. 
A falta de informações sobre a saúde dessas abelhas tem sido um obstáculo na identificação das causas do desaparecimento desses insetos. Por isso, a Comissão Europeia pretende lançar um programa-piloto de monitoramento no início do próximo ano. 
Especialistas já documentaram o desaparecimento em massa de abelhas em vários países, com um cenário mais crítico nos Estados Unidos, onde o fenômeno tem sido comumente chamado de "desordem de colapso das colônias". A causa do problema ainda não é conhecida, mas a destruição dos habitats e o uso extensivo de agrotóxicos no campo (que pode ter afetado o sistema imunológico das abelhas) são possibilidades consideradas pelos especialistas.
Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o número de colônias de abelhas caiu de 5,5 milhões em 1950 para 2,5 milhões em 2007. Somente na Califórnia, um dos principais berços agrícolas de pequenas culturas nos Estados Unidos, abelhas de quase 1,5 milhão de colmeias fazem o trabalho da polinização - uma média de duas colmeias por acre.
O Pnuma, braço ambiental da ONU, advertiu no início deste ano que a população mundial de abelhas continuará em declínio. Em relatório, o órgão defendeu o pagamento de incentivos a agricultores e proprietários rurais para que os habitats desses insetos sejam restaurados, como florestas com espécies de floração.
*Enviado pela Drª Luiza Chomenko
Fonte: REDE Os Verdes/via e-mail

domingo, 27 de novembro de 2011

Pro e contro per l'idroelettrico brasiliano

Pro e contro per l'idroelettrico brasiliano
La diga di Belo Monte tra 
favorevoli e contrari
Contrarie le associazioni ambientaliste, favorevole il ministro dell’energia e gli esperti di settore. La diga di Belo Monte continua a far parlare di sè 
(Rinnovabili.it) – Piovono le critiche sulla diga di Belo Monte, il mega progetto idroelettrico che dovrebbe portare energia a tutto il bacino del fiume Xingu, affluente del Rio delle Amazzoni.
I numeri la descrivono, una volta attivata nel 2015, come la maggiore diga del Pianeta, in grado di produrre energia al pari di 11 centrali nucleari, ma questo non soddisfa pienamente chi vede nel progetto la distruzione dell’ecosistema fluviale che subirà le conseguenze di anni di cantieri edili.
Da non tralasciare le difficoltà delle popolazioni che vivono sulle rive del fiume sfruttandone le potenzialità per mandare avanti i villaggi e che presto si vedranno private del corso d’acqua, deviato per necesstià di costruzione e saranno quindi costrette a spostarsi. Queste sono solo alcune delle motivazioni che stanno generando il malcontento delle associazioni ambientaliste che nel mese di ottobre hanno occupato il cantiere per cercare di fermare i lavori sostenendo che la costruzione lungo il bacino del fiume di almeno 10 centrali idroelettriche sarà fatale per l’ecosistema amazzonico e potrebbe tradursi in un disastro ecologico irreversibile causato principalmente dalla deforestazione e dalla deviazione dei corsi d’acqua.
La pensa diversamente il Ministro dell’energia del Brasile, Edison Lobão, dichiaratosi a favore del progetto sostenendo che la diga che sta sorgendo sul fiume Xingu, “sarà un esempio per il mondo, non solo come colosso dell’ingegneria moderna, ma anche come modello di sviluppo sostenibile, con assoluto rispetto per l’ambiente e le popolazioni stabilitesi nelle immediate vicinanze” aggiungendo che la centrale nasce anche con lo scopo di soddisfare il crescente bisogno di energia del paese, le cui necessità raddoppieranno nell’arco dei prossimi 15 anni. Anche per questo il ministro sostiene la necessità di realizzare impianti idroelettrici , “una fonte di energia pulita e rinnovabile” annunciando al contempo numerosi nuovi investimenti nell’eolico, solare e impianti alimentati a biomasse.
Fonte: Rinnovabili.It

Chevron fined for spill

 
 Chevron fined for spill
Government suspends oil giant from exploration
Brazil’s government fined US oil company Chevron US$28 million for an oil spill off the coast of Rio de Janeiro. 
A leak in an oil well where the company was exploring for crude ruptured on Nov. 7, spilling 2,400 barrels of oil in the Atlantic Ocean. The Environment Ministry, which issued the fine, said Chevron could be forced to pay several times that amount in other fines. 
The California-based company said it took responsibility for the spill, which it said occurred because it miscalculated the pressure in a reservoir where it was drilling. 
On Nov. 23, the National Agency of Petroleum, Natural Gas and Biofuels suspended Chevron from any exploration in the country. It also rejected Chevron’s request to drill another well in the Frade field, 370 kilometers (230 miles) off the coast of Rio de Janeiro. 
“This resolution suspends all drilling activities of Chevron do Brasil Ltda. in national territory,” said the statement. “The decision was based on technical analysis and observations of the Agency, which show negligence on the part of the concessionaire in the investigation of fundamental data for the drilling of wells and the design and implementation schedule of abandonment, and lack of greater attention to the industry’s best practices.”
Fuente: Latinamerica Press

Expedição SOS PAPAQUARAS

Expedição SOS PAPAQUARAS
Por Ana Echevenguá 
No dia 19 de novembro de 2011, o SOS CANASVIEIRAS, juntamente com as associações de pescadores locais, realizou uma expedição no rio Papaquaras, Florianópolis-SC.
Foi batizada carinhosamente de SOS PAPAQUARAS. Uma proposta de José Luiz Sardá que, de imediato, foi aceita pelo grupo. Os rios do norte da Ilha da Magia carecem de especial atenção. Estão poluídos, fétidos, sem qualquer proteção... recebem toda espécie de dejetos; como se suas águas não fossem vitais. 
Sardá também providenciou o empréstimo das embarcações. Os jornalistas da RIC Record nos acompanharam e, no mesmo dia, levaram ao ar as imagens e depoimentos dos participantes. O jornal A Notícia do Dia também publicou material referente ao evento. Agostinho Nicolini, do jornal Floripa Norte da Ilha, também nos acompanhou e falará a respeito na próxima edição. 
Alguns órgãos oficiais foram convidados; mas ninguém apareceu.
O dia ensolarado – que nos surpreendeu com algumas pancadas de chuva - permitiu capturar imagens de um rio que sobrevive de teimoso. Vimos construções e restos de material de construção destruindo suas margens, canos derramando esgoto em suas águas mansas e escuras, garrafas de bebida, cadeiras, botas, isopor boiando em seu leito... o forte de cheiro de esgoto, em alguns trechos, era insuportável. 
Os pescadores – que cresceram em contato direto com rio - lembraram que, antigamente:
- pescavam robalos de até 8 quilos por ali. (Hoje, só pesca ali quem não sabe que as águas estão poluídas. E os poucos robalos que sobrevivem pesam, em média, 2 quilos);
- pegavam siri da casca azul em abundância. (Hoje, esse bichinho desapareceu);
- tomavam banho naquelas águas, que eram mais profundas e, obviamene, limpas;
- havia areia branca em alguns trechos da beira do rio. Era uma prainha pra diversão nas tardes de domingo.
A proposta inicial de percorrermos 1.500 metros do Papaquara restou inviabilizada. O  excesso de vegetação no leito do rio impediu a passagem dos barcos. Vegetação que só cresce em virtude da poluição ali existente, concluiu Sebastião dos Santos, atual presidente do CONSEG Canasvieiras. Não podemos ir muito além da ponte Xavier, no Canto do Lami; uns 800 metros, mais ou menos.
Ou seja: constatamos também que o rio não é mais navegável. 
A manhã de sábado foi produtiva. Verdadeira aula de educação socioambiental ao ar livre. Com pessoas apaixonadas pela Mãe Natureza. Apesar da indignação com o tratamento dispensado ao rio, o clima de festa e descontração pairava no ar.
As imagens que capturamos serão divulgadas para alertar a comunidade sobre a necessidade de defender e preservar o Papaquaras e todos os rios do norte da Ilha. Por enquanto, estão disponíveis no facebook do Soscanasvieiras.
Agradecemos aos pescadores que tornaram possível a nossa saída de barcos. E não podemos esquecer o seu pedido de fazermos uma visita ao rio Ratones, que também está experimentando os mesmos problemas... 
* Ana Echevenguá - advogada ambientalista
ana@ecoeacao.com.br
Florianópolis - SC
** logomarca criada por Camila Petersen
Imagens do rio: Blog Antes que a Natureza Morra

O cérebro dos deputados

O cérebro dos deputados 
Por Montserrat Martins 
Transtornos mentais são dez vezes mais frequentes entre os pobres que entre os ricos, mas isso pode ser interpretado de duas formas, segundo o Manual de Psiquiatria de Solomon e Patch: ou o estresse é o desencadeante, ou então “os gens da doença mental são alelos dos gens da pobreza”. E você, o que achou da hipótese de Solomon e Patch ? Talvez sua opinião seja condicionada pelo fato de você ter “gens da pobreza” ou “gens da riqueza” ou, talvez ainda, “gens da classe média”. Antes destes psiquiatras, alguém já havia pensado nisso: a tese da “raça ariana” superior, do Adolph Hitler, nada mais é do que uma teoria genética. 
Pois a genética, cada vez mais usada como “biotecnologia”, traz consigo também uma forma de interpretar os fatos e os comportamentos humanos que é carregada de ideologia. Quer dizer, é uma ciência sujeita a distorções de conteúdo político, como nessas bobagens de teorias de superioridade de raças ou de classes. A verdadeira ciência, é claro, inclui a genética, mas não como um fator absoluto e sim como um dentre outros múltiplos fatores. É o que se chama de enfoque “biopsicossocial” em assuntos humanos, ou seja, a ciência tem de considerar os fatores biológicos (que incluem a genética) mas também os psíquicos e os das ciências sociais (antropologia, sociologia, história, ciências políticas e por aí vai...). 
Uma polêmica ocorrida na prática, em Porto Alegre, serve de exemplo para estas questões teóricas. Geneticistas queriam pesquisar o cérebro de adolescentes internados na FASE (ex-Febem), o que supostamente traria benefícios com a identificação de algum padrão cerebral patológico comum a eles. Profissionais que atendem aos jovens se opuseram a tal pesquisa, que o Conselho de Psicologia também repudiou, e naquele momento alguém chegou a sugerir, como alternativa, que fossem pesquisar o cérebro dos deputados – pelo mesmo princípio, de verificar se existe alguma patologia comum a esse grupo social. 
O grupo dos internados na FASE, todos sabemos, só muito raramente inclui jovens de classe média ou alta, quer dizer, os fatores sociais são evidentes nos tipos de conduta que os levam para lá. Provém de regiões dominadas por gangues de tráfico, que os arregimentam. A teoria genética iria, portanto, no máximo “mistificar” as causas de seus problemas, na mesma linha de Solomon e Patch. Aliás, a FASE conta com atendimento psiquiátrico e os jovens em sua grande maioria já estão sendo medicados. Pois as possíveis conclusões de uma pesquisa no cérebro deles resultaria, na prática, somente em indicações de medicamentos que eles, de fato, já estão recebendo. 
Esta semana um dos autores daquela proposta de pesquisa, o médico e deputado Osmar Terra, escreveu em defesa do projeto de exames obrigatórios para detectar TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) antes de conceder a CNH, a habilitação para dirigir. É o PL 7483/2010, aprovado na Câmara, que foi agora ao Senado. À primeira vista parece uma forma de proteger a sociedade, partindo-se da premissa de que nossas ciências neuropsiquiátricas estejam aptas a tal tarefa. O fator mais relevante para os acidentes de trânsito, comprovadamente, é o uso de substâncias (seja álcool ou outras drogas), presentes em pelo menos metade dos acidentes, o que ainda não encontramos forma eficaz de combater. Tenho dúvidas se ampliar a “patologização” dos condutores para outros quadros psiquiátricos não nos levará ao cenário previsto por Machado de Assis em “O Alienista”. 
Teríamos de esclarecer melhor quais os critérios de tais neuropsiquiatras, se estão atentos para os fatores biopsicossociais ou se são filiados à teoria estritamente genética. Nada contra o deputado Osmar Terra que, aliás, é autor de um belo livro sobre comportamento, do ponto de vista neurológico. Toda forma de debate científico é importante e merece consideração, envolvendo também juízos de valor e eleição de prioridades. Do modo como o Código Florestal foi modificado na Câmara e no Senado, agora, eu daria prioridade para aquela proposta do estudo do cérebro dos deputados.
Fonte: REDE Os Verdes/via e-mail

Civilização do risco

"...não é nada fácil, ainda mais no contexto de sociedades abertas e dinâmicas, que conseguem burlar cotidianamente as leis estabelecidas para ordenar o uso dos solos."
Civilização do risco 
Brasil precisa abrir mão da tradição elitista de construir espaços sociais sem respeitar a natureza
Por José Augusto Pádua 
Ao ver as imagens recentes de encostas desabando, pontes caindo e águas invadindo o interior de tantas casas e vidas, não pude deixar de pensar, até por ranço de historiador, que cenas semelhantes vêm se repetindo desde os primórdios do longo e difícil processo de construção do que hoje chamamos de território brasileiro. Basta lembrar que São Vicente [no litoral paulista], a primeira povoação oficialmente criada na América portuguesa, teve seu núcleo urbano destruído por uma combinação de tempestades e ressacas em 1541. O mar tragou a Casa do Conselho, a fortaleza e a igreja matriz, edificadas sobre solos arenosos. 
Antes disso, o porto da ilha de São Vicente já sofria com o assoreamento provocado pelas enxurradas que desciam as encostas parcialmente desmatadas pelas primeiras plantações. Em uma carta de 1560, escrita naquela região, o padre José de Anchieta descreveu uma tempestade que "abalou as casas, arrebatou os telhados e derribou as matas". 
Paradoxo da modernidade
É claro que não se pode estabelecer uma sequência simples entre esse passado longínquo e as tragédias que ocorrem diante dos nossos olhos. Mas a história é sempre um jogo de continuidades e descontinuidades.
O contexto atual é muito diferente em termos de tamanho dos assentamentos e de complexidade dos meios tecnológicos. O litoral brasileiro está hoje inserido, mesmo que de forma desigual, no que Patrick Lagadec [diretor de pesquisas na Escola Politécnica de Paris, na França] chamou de "civilização do risco". Um paradoxo da modernidade.
Em certos aspectos, o mundo urbano-industrial fornece mais segurança do que no passado. 
Em outros, ele é incomparavelmente mais arriscado.
Sua densidade, suas escalas e sua alta dependência de energia são também as causas da sua fragilidade. Foi significativo o temor de que os desabamentos inviabilizassem o plano de evacuação da usina nuclear de Angra [dos Reis]... 
No século 16, no entanto, alguns elementos já estavam aqui presentes: as encostas, as matas e os aguaceiros tropicais.
E também a dificuldade humana em reconhecer que nossa vida é, de fato, um jogo permanente com forças naturais que não criamos, e cujos movimentos não dependem do nosso arbítrio. Hoje, sabemos que a Terra é um planeta antigo, poderoso e muito diversificado. 
Sua existência se funda em ciclos biogeoquímicos que movimentam fluxos de matéria e energia muito superiores aos que nossa tecnologia é capaz de produzir. 
Medidas urgentes
Em cada região existem realidades específicas com as quais interagir. Daí o tema fundamental da "localização" (que ganha mais importância no mundo da "globalização").
É preciso superar a tradição arrogante de construir espaços sociais sem atenção à realidade natural através da qual existimos. A sustentabilidade consciente requer que as sociedades se territorializem de maneira ecologicamente inteligente. 
Algo que, por certo, não é nada fácil, ainda mais no contexto de sociedades abertas e dinâmicas, que conseguem burlar cotidianamente as leis estabelecidas para ordenar o uso dos solos.
A desocupação das áreas de risco, porém, não pode mais ser adiada.
As florestas representam a melhor proteção das encostas, e sem elas o desastre seria incomensurável. É preciso que a sociedade defenda o Código Florestal das forças políticas retrógradas que o atacam no Congresso Nacional.
As áreas de preservação permanente e de reserva legal, determinadas pelo código, são essenciais para estimular um modelo de desenvolvimento cuidadoso e tecnologicamente intensivo (superando a velha tradição de crescimento horizontal e devastador).
Em regiões de forte densidade urbana, especialmente, as áreas de preservação permanente (vegetação que protege os recursos hídricos, a estabilidade geológica etc.) devem ser consideradas um pressuposto da segurança coletiva. 
Aqui é preciso levar em conta um problema que também se observa na Amazônia. As florestas parcialmente exploradas, mesmo por um número limitado de atividades, perdem grande parte da sua capacidade sistêmica de estabilizar solos e reter umidade. As áreas de preservação permanente, portanto, necessitam ser respeitadas na sua totalidade.
As intervenções de engenharia geotécnica, por outro lado, precisam ser democráticas, suplantando a prática elitista de concentrá-las nas áreas habitadas pelos mais ricos.
A existência de "zonas de sacrifício", onde se considere normal que populações pobres convivam com espaços degradados e de grande risco, dotados de baixíssimo investimento público, constitui uma injustiça ambiental inaceitável no contexto de uma ordem verdadeiramente republicana.
A adoção de boas políticas e práticas, diante dos problemas específicos que estão sendo tratados aqui, pode ser vista como um aprendizado coletivo para o futuro. A tendência geral é que nossa vida no planeta se torne cada vez mais difícil nas próximas décadas, com o avanço das mudanças climáticas. 
É bom começar a tratar do assunto com a maior seriedade.
Se não aprendermos a enfrentar problemas climáticos com os quais convivemos há séculos, como agiremos diante dos riscos bem maiores que se delineiam no horizonte?
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JOSÉ AUGUSTO PÁDUA é professor de história na Universidade Federal do Rio de Janeiro e autor de "Um Sopro de Destruição - Pensamento Político e Crítica Ambiental no Brasil Escravista" (ed. Zahar), entre outros livros. 
Fonte: Folha de São Paulo/via e-mail

Governo rebate vídeo de atores contra Belo Monte

 Governo rebate vídeo de 
atores contra Belo Monte
A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, e o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, rebateram críticas à construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, veiculadas por meio de redes sociais. Vários artistas brasileiros gravaram mensagens argumentando que a obra, além de cara, será prejudicial aos índios da região.
De acordo com a ministra, o governo federal está “absolutamente atento” à discussão. “É fundamental continuarmos com a matriz energética limpa”, reiterou. “Nenhuma terra indígena será alagada; nenhum índio será retirado [de suas terras] e a usina [de Belo Monte] não é cara”, disse a ministra.
Recentemente, um vídeo intitulado Movimento Gota d’Água, contando com a participação de diversos atores, foi veiculado na internet, pedindo que as pessoas assinem uma petição contrária à obra.
“É muito importante as pessoas aumentarem a discussão e procurarem informar-se sobre o que é efetivamente [a Usina de Belo Monte]”, disse Zimmermann. O problema, segundo ele, é que “assuntos preparados de forma leviana, muitas vezes levados como verdade, não coincidem com que os técnicos dizem”. “O processo de licenciamento da usina é, provavelmente, o mais completo já feito no país”, acrescentou.
Parece pouco para nos convencer!
Aproveite e veja o vídeo da campanha:
Fonte: Eco4Planet

CHEVRON VS. INDIGENOUS TRIBES IN ECUADOR - THE REAL PRICE OF OIL

Ver Video Chevron vs. Indigenous tribes in Ecuador
The Real Price of Oil
Fonte: REDE Os Verdes/via WEBsecret

第4部(1)豊富な「水力」成長下支え 世界3位のベロモンテ水力発電所

リスザル(左上)やワニ(同下)が生息するアマゾンの密林。「開発か環境か」で揺れ続ける=ブラジル・アマゾナス州(早坂洋祐撮影)
 
第4部(1)豊富な「水力」成長下支え 世界3位のベロモンテ水力発電所

 眼前に広がる密林がすべてダムの底へ沈む…。ブラジル北東部パラ州、世界最大の河川アマゾン川の支流沿い。完成すれば発電量で世界3位となる「ベロモンテ水力発電所」の建設予定地へ日本のメディアとして初めて足を踏み入れた。

  アマゾンの地方都市アルタミラから南へ赤土の道を車で2時間以上。濃い緑色をしたシングー川沿いにトタン家屋が点在する集落が現れた。ダムは完成すると高 さ90メートル、幅3・5キロ。琵琶湖の面積の約8割の熱帯雨林516平方キロが水没し、この集落を含め先住民族ら1万6千人が立ち退きを迫られるとし て、国内外から批判を浴びている。
 総工費110億ドル(約8800億円)、総発電量はわが国の標準的な原発10基分に相当する1100万 キロワット。中国の三峡ダム、ブラジルとパラグアイにまたがるイタイプ水力発電所に次ぐ規模であり、2015年の電力供給開始を目指し、ブラジル政府は6 月1日、ダムの着工を認可した。
 新興国BRICS(ブラジル、ロシア、インド、中国、南アフリカ共和国)の一角、ブラジルの経済成長を 「水力」が下支えしている。地球上の淡水の2割はブラジルにある。水力発電所が600余りあり、国際エネルギー機関(IEA)によれば電力供給は08年、 水力80%、火力13%、原子力3%。主要国で特異な存在だ。
 だが、立命館大学の小池洋一教授(62)=開発経済学=は「供給が不安定な 上、サンパウロなど大都市までの送電距離が長く供給ロスが多い」と話す。01年には渇水で電力が不足し全土で今夏のわが国同様、25%の節電が行われた。 近年も成長に供給が追いつかず停電が頻発している。
 ブラジルでは現在、リオデジャネイロ州の大西洋岸にあるアングラ原発1、2号機の運転 と3号機の建設が進む。運転中の2基は不具合などでしばしば停止するため、点滅を繰り返す「ホタル」と揶揄されるが、ロバン鉱山エネルギー相(74)は地 震や津波が極めて起きにくい地域にあるとして「世界で最も安全だ」と述べている。
 一方で、批判を押し切る形でベロモンテ水力発電所の着工が認可されたのと同じ日、ロバン氏は新たに建設予定だった原発4基の計画見直しも表明したのだった。
By Sankey.Jp

Fernando Brito: ‘Omissão criminosa da Chevron-Texaco, cumplicidade escandalosa da mídia’

 
Fernando Brito: ‘Omissão criminosa da Chevron-Texaco, cumplicidade escandalosa da mídia’ 
Por Conceição Lemes
No dia 10 de novembro, a Agência Estado publicou esta nota:
“A unidade brasileira da petroleira norte-americana Chevron-Texaco informou que está trabalhando para conter um vazamento no campo Frade, na Bacia de Campos. “O vazamento se deve a uma rachadura no solo do oceano. É um fenômeno natural”, disse Heloisa Marcondes, porta-voz da Chevron-Texaco Brasil.
O campo de Frade, operado pela petroleira estadunidense Chevron-Texaco, fica a 350 km do Rio de Janeiro. O acidente, sabe-se só agora,  aconteceu na segunda-feira, 7 de novembro. A Agência Nacional de Petróleo (ANP) tomou conhecimento no dia 9, mas só o tornou público no dia 10. O primeiro alerta público foi dado pelo Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro) ainda na quarta-feira, 9.
Nos dias 11, 12, 13, 14 e 15, a mídia se limitou a reproduzir as notas oficiais da Chevron-Texaco e da Agência Nacional de Petróleo (ANP). E, ainda assim, em matérias pequenas, em pé de página, escondidas. Nenhuma cobrança maior. Aliás, nenhum grande veículo se empenhou para saber o tamanho e a causa do vazamento.
O jornalista Fernando Brito, do blog Tijolaço, do deputado federal Brizola Neto (PDT-RJ), não engoliu a versão da empresa e desde o dia 11 começou, solitariamente, a questioná-la. De lá até hoje foram 21 artigos, denunciando o desastre ambiental, o comportamento da mídia e as mentiras da Chevron-Texaco.
“Desde o princípio, achei algumas coisas estranhas, a começar pelo fato de que não houve um tratamento escandaloso do assunto pela mídia, como certamente haveria se o campo em questão fosse operado pela Petrobras”, ironiza Fernando Brito.  “Ah, se fosse a Petrobras, já no dia 11, até os peixes do oceano estariam dando declarações contra a empresa.”
“Além disso, a Chevron-Texaco demorou a admitir o problema e, quando o fez, foi por uma nota marota, dizendo que se tinha detectado o vazamento ‘entre o campo de Frade e o de Roncador – que é operado pela Petrobras”, prossegue Brito. “Na verdade, o problema se deu bem próximo de uma de suas plataformas de perfuração, a Sedco706, da Transocean, a mesma proprietária da Deepwater Horizon, que provocou o acidente no Golfo do México.”
No dia 15, a Polícia Federal entrou no caso e a expectativa era de que a mídia não varreria mais para debaixo do tapete o óleo derramado. Realmente, não deu mais para a grande imprensa ignorar. Porém, não foi a fundo nas circunstâncias que o causaram, apesar de ter todas as condições e facilidades para fazê-lo.
A Sedco 706, plataforma de perfuração da mesma empresa do acidente do Golfo, nas proximidades da qual ocorreu o acidente da Chevron
O Tijolaço “furou” toda a imprensa. Foi quem primeiro duvidou da história contada pela Chevron-Texaco de que o derramamento de petróleo no mar era “fenômeno natural” e se devia a uma falha geológica. Foi também quem, com base nos cálculos feitos pelo  geógrafo John Amos, do site SkyTruth, especializado em interpretação de foto de satélites com fins ambientais, alertou que o vazamento de petróleo no campo de Frade era muito maior do que a Chevron-Texaco afirmava. Foi ainda quem, ainda no dia 11 de novembro, levantou possibilidade de a empresa pretender fazer uma prospecção na camada do pré-sal , pelo fato de haver um pedido de perfuração até 5.200 metros, quando as ocorrências de petróleo em Frade se situam na faixa dos 2,5 mil metros abaixo do leito marinho.
Por isso, o Tijolaço começou a pedir que se apreendessem os diários de perfuração e os relatórios de cimentação, que mostram os locais e  a qualidade da vedação que se faz pelo lado externo da coluna de tubos do poço.
Assista os vídeos do JN sobre o assunto e o corte na matéria:
"Por sorte, a gente estava gravando o JN com uma câmera manual, e postamos os dois vídeos. O “decepado” e o trecho que eliminado do original.
Edição cortada na internet
E o trecho que foi eliminado do original veiculado pelo JN na TV
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Ocupação de Belo Monte: o recado foi dado

Ocupação de Belo Monte: 
o recado foi dado
por Paul Wolters (CIMI)
Demos um soco para a presidente da república!’ diz um dos caciques Kaiapó, do Pará sobre a ocupação do canteiro de obras de Belo Monte.* ‘O movimento foi muito bom. Enviamos nossa mensagem. O mundo inteiro ouviu e sabemos que muitos estão dando apoio para nós. O mundo quer viver em paz.’ 
*Por motivos de segurança os nomes na matéria foram anonimizados 
Se for por eles, os seus guerreiros Kaiapó teriam continuado a ocupação do canteiro de obras. Queriam levar a luta até o fim, reforçados pelo aviso que outros grupos indígenas, inclusive outros Kaiapó, estavam se preparando para unir-se ao movimento. Mas considerando a conjuntura, com o recado dado a nível nacional e internacional, a assembléia geral dos ocupantes achou melhor encerrar a ação de forma pacífica. 
Ação direta
A histórica ocupação do canteiro de obras da usina de Belo Monte – maior obra do PAC e considerada a jóia da coroa –, na quinta-feira passada, foi resultado do seminário contra a usina, que se realizou nos dias anteriores em Altamira. O seminário reunira cerca de 700 participantes, entre eles indígenas de 22 povos, pescadores da bacia do Xingu, pequenos agricultores, outros atingidos e movimentos sociais. Cansados de ver seus direitos desrespeitados e de sofrer tantas violências praticadas tanto pelo governo quanto pela Norte Energia, decidiram ir além das conversas e fazer uma ação direta: a ocupação pacífica do canteiro de obras e o bloqueio da Transamazônica na frente do canteiro. 
Saindo na madrugada de quinta-feira, realizaram a ocupação sem que houvesse resistência por parte dos guardas do local. Durante o dia, o clima continuava tranqüilo, a pesar da fila crescente de carros e caminhões parados pelo bloqueio da estrada. De fato, muitos motoristas e pessoas da região aproveitaram para conhecer o canteiro, que até então sempre tinha ficado fechado para o público. Finalmente podiam conhecer a magnitude do desmatamento e da devastação, do que é apenas um dos três canteiros de obras. 
Ao final da tarde chegou o advogado da Norte Energia, escoltado por policiais fortemente armados, com armas em punha, com um mandado de reintegração de posse. Contrário a qualquer ação crítica à obra, a justiça não tardou para julgar o pedido de reintegração de posse por parte da NeSa.
Se é verdade que muitos dos participantes queriam continuar a ocupação, notadamente os indígenas e pescadores, em assembléia os ocupantes chegaram à conclusão que era melhor encerrar pacificamente o que começara pacificamente. Recolheram seus pertences e iniciaram, por volta das sete e meia da noite, a volta para Altamira. A ocupação durou cerca de quinze horas.
Guerra 
Como alguns participantes já tinham começado a sonhar com uma ocupação permanente, para acabar de vez com o Belo Monstro, houve quem saiu um pouco insatisfeito. Mas prevaleceu um sentimento de satisfação e realização. Pela união criada, o recado dado. E pela expectativa de futuras ações. 
‘Foi muito positivo a união com pescadores, estudantes,’ explica o cacique Kaiapó, que queria ter continuado na ocupação. ‘Todos queremos que o rio fique no mesmo lugar. Queremos nosso rio, nossas florestas no mesmo lugar. Se não pararmos Belo Monte, com certeza vai ter mais usinas. Entregamos um documento para Dilma. Vamos esperar o que ela vai responder. O próximo encontro vai ser mais forte. Muito mais.’ 
Os pescadores de Senador Porfírio, na Volta Grande do Xingu, que secaria caso a usina for construída, compartilham essa visão, na roda de avaliação:
Maria*: ‘[A manifestação] Foi bom. Aceitamos participar [do seminário] porque nós somos os prejudicados.’ 
José*: ‘Dizem que [a usina] não vai prejudicar. Mas você pode ver, na época seca, [o rio] está seco, não dá para passar lá, está tudo seco.’ 
Maria*: ‘A água vai ficar suja, não vai nem dar para pescar.’ 
Pedro*: ‘A ocupação foi ótimo! Espero que o próximo vai ser melhor ainda! O canteiro é uma destruição total da natureza, com vales dinamitadas. Os moradores de lá [da vila Belo Monte, de lado das obras] nunca tinham entrado, e agora viram tudo pela primeira vez!’ 
João*: ‘A gente não pode abrir mão para eles, não podemos desistir da luta, para eles sentirem a pressão da população. Isso é o início da nossa guerra!’ 
Roças mortas 
Um dos representantes de um outro importante grupo de atingidos presente no seminário e na ocupação, os pequenos agricultores, expressa as mesmas opiniões. Eduardo é agricultor da comunidade Nossa Senhora de Perpétua Socorro, no rio Arimum, na Reserva Verde para Sempre em Porto do Moz, a baixo da barragem planejada. ‘Achei muito bem a união com os indígenas. Nós vamos resistir. O dia que precisarem de mim para lutar, eu vou e vou levar mais pessoas. Foi bom ter ocupado o canteiro, porque foram muitas pessoas ver o impacto que a obra está fazendo e o impacto que vai fazer para a gente. Estou aqui para representar o meu povo, porque vamos ser atingidos. Estou aqui para meus filhos e netos.’ 
Os impactos para ele são claros. Com a seca permanente da Volta Grande, que seria causada pelo desviou das águas do rio Xingu, o transporte de barco vai acabar. ‘Nosso transporte é o barco. Fui visitar um amigo, a baixo [da barragem ] do Tucuruí: ele nunca mais conseguiu subir o rio. Não consegue mais escoar sua produção.’ Além do mais, a seca permanente vai atingir as próprias roças, ele explica: ‘Onde moro a diferença no vazão do rio é de três metros. Com o rio seco, a água no solo vai baixar muito. Assim as plantas e nossas roças vão morrer.’ Ele ainda aponta outras semelhanças nefastas entre Tucurui e Belo Monte: ‘Agora estão fazendo a linha de extensão de Tucuruí, que vai passar pela Resex, desmatando um linha de catorze metros de largura.
O linhão vai passar em cima de nossas casas, mas não deixa energia para as pessoas. Com Belo Monte vai ser igual.’ 
Por fim, cita um exemplo de uma outra região amazônica para a luta contra Belo Monte. ‘Vi na televisão uma reportagem sobre os indígenas de Raposa Serra do Sol: eles conseguiram [sua terra], com muita luta e dedicação. Então, nós também podemos!’ 
Na lei ou na marra
Também Sebastião, do povo Kumaruara (PA), compartilha a visão dos demais. ‘O encontro, a ocupação é uma vitória: já demos nosso aviso. Foi a primeira vez que participei, que conheci a realidade da batalha. Nos momentos desses, precisamos estar unidos, com outros grupos que depois nos apoiarão, na mesma batalha. As barragens vão nos afetar, nosso rio, nosso alimento. O governo não pensa nisso. Fala muito em defender a Amazônia, mas de fato destrói ela. O dinheiro que seria importante investir na nossa saúde, educação, o governo está investindo no que não é muito necessário, nos projetos dos ricos. 
Para Edmundo do povo Tupinambá, de Tocantins, o encontro e a ocupação sinalizaram o começo de uma grande união de resistência contra usinas. Ele é da região onde está sendo planejado o complexo hidrelétrica de Tapajós: ‘Tapajós é igual a Belo Monte. Vai afeitar muito os ribeirinhos, muitas pessoas que dependem do rio. É muito grande o massacre. Nosso Pai Tupã não autorizou a destruição da natureza, deixou-a inteira para os filhos Dele. Só o ganancioso quer destruí-la. Vendo isso, Ele também chora. As pessoas devem lembrar as letras do Pai Tupã: “Tupã está na terra, Tupã está na mata,(…), Tupã está em você, Tupã está em mim.” Isso significa que destruir a terra, é destruir a você mesmo. As pessoas não entendem isso. 
A ocupação é um modelo para mostrar que somos fortes. Para que os grandes entendem que o povo sabe lutar. Foi uma derrota para eles. O encontro foi belíssimo, foi muito bom, para reunir os povos. Estamos unidos para lutar. Nem todos os povos estão aqui, tem muitos mais. Temos que juntar-mos e lutar, para o que der e vier. Se for para voltar, para ficar um dia, um mês, a gente volta para acabar com a usina. Ou na lei, ou na marra. Esse encontro é o começo da vitória.’ 
Paul Wolters
Conselho Indigenista Missionário (CIMI)
Secretariado Nacional – Brasília
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